Outubro Rosa: Uma tatuadora que dá vida aos seios, através da arte
O mês de setembro amarelo passou, e chegou o Rosa, campanha de incentivo na prevenção ao câncer de mama. Mais do que uma cor ou uma simples campanha. O setor da saúde busca e deseja uma população consciente e informada. Segundo o INCA, Instituto Nacional de Câncer no Brasil, dados apontam que ocorreram 66.280 casos da doença e identificam a morte por câncer de mama no Brasil em mulheres.
A tatuadora Flávia Robertson 37 anos, conhecida como “Tucka”, apelido imposto pela mãe quando mais nova, conta em detalhes de onde presta o serviço e trabalha em seu projeto voluntário de amor e empatia, para mulheres que passaram pela cirurgia de mastectomia.
O estúdio de tatuagem artística fica localizado na Travessa KATIA, divisa entre o Caminho do Boiadeiro e Via Ápia, lá é o espaço onde mulheres ganham sua nova identidade e uma autoestima repaginada pela arte. Alguns anos atrás, Flávia relata que procurou levar essa informação ao público feminino por meio de uma mídia alternativa na comunidade, mas não obteve resultado, pois o veículo alternativo não aceitou fazer a matéria gratuitamente, prezando assim o lucro e não informação. Não é atoa que o Rocinha Alerta, buscando levar uma informação plural, acessível e inclusiva. Esteve presente no estúdio da Tucka Tattoo, para uma entrevista bastante formidável.
Confira na íntegra a entrevista com Tucka
Por que o estúdio se chama Tucka ?
Por conta do meu tamanho, desde criança.
Além do seu estúdio existe mais alguém na comunidade da Rocinha que faça esse trabalho de reconstrução mamária artística e como começou esse projeto?
Não, acho que não.
Foi através da necessidade que eu vi, muitas mulheres que tinham sofrido uma mastectomia e estavam buscando porém muito caro. Maioria não tem condições de pagar R$: 03.000/06.000/08,00 mil reais. E eu tendo oportunidade de oferecer gratuitamente, já tendo um espaço e sabia fazer, comecei a estudar pigmentação. Teve um retorno, graças a Deus. Espero que tenha mais né. Houve poucas pessoas atendidas, pois esbarram na dúvida de ser gratuito. Afirmo ser gratuito, não cobro nada, nada.
Existe incentivo na comunidade ?
Muito pouco, e olha que temos em torno de três ou quatro anos exercendo o projeto.
Tem algum patrocinador ?
Nenhum, nunca nem pensei nisso de patrocínio não cara.
Qual o perfil do seu público-alvo, mais velho ou jovem ?
Entre 30 e 50, para homens também.
Tem muito homem que não sabe mas não é muito falado.
Ao fazer o procedimento na mama, alguém mostrou dificuldade para concluir?
É um procedimento que dura 30 ou 40 minutos, na hora vira psicólogo, conta o que aconteceu, chora e se emociona. Acaba entrando na história, ser humano. Cada história que você ouve, é impossível não se emocionar.
Flávia, saímos do mês de setembro amarelo.
Em questão referente à depressão, aparece cliente pedindo tatuagem na região que se autoflagelo?
Muita, no momento são muitos casos. Antigamente não tinha tanto não, coisa de dois anos atrás. Acho que antes da pandemia. Não sei se a pandemia teve algo haver. Pessoas mais novas , entre 15 e 16 anos. Vieram que as mães trouxeram para poder fazer. Aumentou muito, aumentou muito, antes era uma coisa mais velada. Agora não, quem sabe podemos fazer um projeto nesse caso, como pode abordar né. Uma coisa se pensar sim.
Você acredita que fazem tatuagem na área flagelada para esconder e continuar fazendo?
Tá aí cara uma coisa que acho que não continua fazendo não. Fez a tatuagem ali, acabou né. Morreu uma fase, nasceu outra, tomara né.
Vá a um posto de saúde mais próximo e se informe, além de ir ao estúdio da Tucka e prestigiar seu trabalho.
Por Charlie Gomes, publicação 31/10/2021.
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